O ano de 2014 terminou e foi mais um ano ruim para o mercado de ações brasileiro. Apesar de ter passado boa parte do ano com lucro, o IBOVESPA terminou o ano ligeiramente negativo, porém bem melhor que em 2013, quando o índice perdeu quase 20%. Naquele ano, as estratégias quantitativas que temos discutido aqui no blog se saíram bem e teriam ajudado um investidor a proteger seu patrimônio. Vamos ver como elas se saíram em 2014?
Relembrando, as estratégias são as seguintes:
- Variância Mínima – a estratégia consiste em montar a carteira com o menor risco (volatilidade) possível, através da otimização de Markowitz (ver este post e também este artigo);
- Baixa volatilidade – divide o capital igualmente entre as 20 ações com a menor volatilidade;
- Baixo beta – divide o capital igualmente entre as 20 ações com menor beta (medido com relação ao IBOVESPA).
- Momentum – divide o capital igualmente entre as 20 ações com maior retorno nos últimos 6 meses.
Todas as carteiras acima são rebalanceadas mensalmente e, para comparação justa com o IBOVESPA, não são incluídos custos operacionais. O resultado abaixo apresenta apenas o ano de 2014.
Desempenho das estratégias em 2014
O gráfico abaixo apresenta o retorno das estratégias, do IBOVESPA e do CDI em 2014. Vemos que todas as estratégias, assim como o IBOVESPA, ficaram abaixo do CDI no ano. Porém, enquanto o IBOVESPA apresentou perda de -0,65% no ano, todas as estratégias tiveram retorno positivo. Em particular, a estratégia bem simples de comprar as ações de baixa volatilidade terminou o ano com valorização de 7,56%.
Em termos de volatilidade, vemos no gráfico abaixo que as estratégias tiveram variações menores do que o IBOVESPA. A volatilidade anual do IBOVESPA ficou em quase 25%, enquanto as estratégias tiveram volatilidades entre 14% e 21%. A volatilidade da estratégia de comprar as 20 ações de menor volatilidade foi 25% menor do que a do IBOVESPA, o que é impressionante, considerando o pequeno número de ações na carteira. A estratégia que minimiza a volatilidade da carteira teve volatilidade ainda menor, de 14%.
Finalmente, a perda máxima (maximum drawdown) das estratégias em 2014 foi, com exceção da estratégia de momentum, muito inferior à do índice. O IBOVESPA chegou a estar perdendo 24% em relação ao seu pico no ano. A estratégia de momentum também apresentou perda similar. As estratégias mais conservadoras, por outro lado, tiveram desvalorização máxima com relação às suas máximas no ano da ordem de 14 a 15%, o que confirma sua importância na proteção do capital em momentos de crise.
O gráfico abaixo apresenta o retorno acumulado das estratégias, do IBOVESPA e do CDI.
A tabela abaixo apresenta todas as métricas de desempenho das estratégias, do IBOVESPA e do CDI. Note que não fiz comparações do índice de Sharpe e Sortino, dado que as estratégias ficaram abaixo do CDI.
Acompanhamos aqui no blog, em tempo real, o desempenho de estratégias simples e mecânicas para montar carteiras que não só tiveram desempenho superior ao do mercado como um todo, como também risco bem menor. Em 2013, ano em que o IBOVESPA perdeu quase 20%, as estratégias de baixa volatilidade teriam ajudado o investidor a preservar seu patrimônio. Em 2014, o mercado não foi bom, porém as estratégias conseguiram retornos positivos. Vamos ver o que 2015 reserva!
Métrica | Variância Mínima | Menor Volatilidade | Menor Beta | Momentum | IBOVESPA | CDI |
CAGR (%) | 1.51 | 7.56 | 1.73 | 2.67 | -0.65 | 10.46 |
Volatilidade (%) | 14.26 | 18.47 | 15.2 | 21.36 | 24.94 | – |
Vol.Downside (%) | 8.92 | 11.67 | 9.44 | 14.1 | 15.19 | – |
Índice de Sharpe | -0.63 | -0.16 | -0.58 | -0.37 | -0.45 | – |
Índice de Sortino | -1.01 | -0.25 | -0.93 | -0.55 | -0.73 | – |
Perda Máxima (%) | 14.13 | 14.71 | 15.74 | 23.75 | 24.05 | – |
Pior Mês (%) | -7.22 | -8.53 | -7.75 | -16.88 | -11.7 | 0.76 |
Beta | 0.46 | 0.69 | 0.47 | 0.76 | 1 | – |
Correlação IBOVESPA | 0.81 | 0.93 | 0.78 | 0.89 | 1 | – |
% Meses Positivos | 50.79 | 48.41 | 50.4 | 48.41 | 46.43 | 1 |
VaR Médio (%) | 2.04 | 2.61 | 2.15 | 2.93 | 3.55 | – |